domingo, 25 de setembro de 2011

"Violência, onde ela Está?"



            Diariamente ao ligarmos a televisão, ao abrirmos o jornal ou sairmos à rua, presenciamos e convivemos com as múltiplas faces da violência contemporânea. Por vezes em nosso dia-a-dia, as manifestações da violência nos passam despercebidas, pois, algumas práticas violentas já tornaram-se naturais em nossa atual conjuntura social. Reproduzimos a violência, em maiores ou menores proporções, instintivamente, pois, não reconhecemos mais a essência da violência, tornando-a assim, um fenômeno social banalizado e presente na estruturalidade de nossa sociedade.

            Cotidianamente nos deparamos com notícias de chacinas, homicídios, assaltos, seqüestros, repressão policial, crimes hediondos, violência contra mulheres, crianças e adolescentes, idosos, índios, negros, brancos, pessoas com deficiência, ou seja, a violência se manifesta explicita e implicitamente em nossa sociedade.

Partindo do pressuposto que a violência enquanto um fenômeno social manifesta-se em meio às relações sociais, indiscriminando classe social ou origem étnica, compreende-se que para se reconhecer suas múltiplas facetas torna-se necessário conceituar este fenômeno e suas formas de materialização, como problematizado abaixo.

Violência estrutural: A violência estrutural reúne aspectos resultantes da desigualdade social, da discriminação e do preconceito, faz-se presente no imaginário social. Esta forma de violência atinge a todos os âmbitos da sociedade, e é a partir dela que a violência assume status de naturalidade.

Violência Institucional: A Violência Institucional é praticada nas instituições prestadoras de serviços públicos, as quais deveriam atuar como garantidoras de direitos. Materializa-se por meio do atendimento de má qualidade e do desrespeito ao cidadão que procura determinado serviço.

Violência Física: A violência física consiste na utilização da força física com o objetivo de ferir, podendo deixar marcas evidentes, ou não. Manifesta-se de diferentes formas, ocorrendo tanto no âmbito doméstico quando no âmbito público.
                  
Violência Psicológica: A violência psicológica, também conhecida como agressão emocional, não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente provoca cicatrizes para toda uma vida. Caracteriza-se pela rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito, menosprezo e punições exageradas. Outra face popular da violência psicológica é a ameaça, utilizada como forma de controle.

Violência verbal: A violência verbal normalmente é utilizada como forma de agressão ou defesa. Materializa-se por meio de ofensas morais, de depreciações, de utilização de palavras desrespeitosas, esta pode ocasionar a manifestação de outras formas de violência. A violência verbal também pode ser visualizada através do silêncio, que muitas vezes é muito mais violento que os métodos utilizados habitualmente.

Violência sexual: Esta forma de violência caracteriza-se pelo ato de obrigar ou induzir uma pessoa a práticas sexuais com ou sem violência física. A violência sexual acaba por englobar o medo, a vergonha e a culpa, sentimentos típicos da vítima. É uma das formas de violência menos denunciadas, mas uma das mais frequentes.

Negligência e Abandono: A manifestação da violência na face da negligência caracteriza-se pelo ato de omissão do responsável pela criança/idoso/outra (pessoa dependente de outra) em proporcionar as necessidades básicas, necessárias para a sua sobrevivência e para o seu saudável desenvolvimento. Já o abandono se manifesta pela ausência total dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares nos cuidados necessários aos sujeitos que necessitam de proteção.

            Reconhecer as múltiplas formas que a violência assume contemporaneamente, configura-se como o início do caminho de sua superação. Romper o caráter de naturalização da violência e o silêncio que a permeia, bem como a primazia pela resolução não violenta de conflitos fortalecendo a cultura de paz, tornam-se ações concretas de enfrentamento e não reprodução deste destrutivo fenômeno.

            Desta forma, cabe a todos nós, individual e coletivamente, investirmos algum tempo de nosso dia refletindo sobre a Violência. Analisando as experiências próprias e a conjuntura social que nos rodeia. É somente a partir da reflexão e da mudança de paradigmas, e da posterior politização e união coletiva, que estratégias de superação a violência poderão ser encontradas e efetivadas.

Campanha de enfrentamento a Violência: “Violência, onde ela está?”- Oferecimento CREAS Carazinho


Autora: Viviane Isabela Rodrigues

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